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Os motivos de Deus


Podemos até pensar que se houve alguém na terra com motivos para queixar-se, este alguém foi Jó (Jó 6.1-10). Deus, porém, pensa diferente. Depois de ouvir todas as queixas de Jó, o Senhor passa a mostrar-lhe toda a sua insensatez e ignorância: “Quem é este que obscurece meus desígnios com palavras sem entendimento?... Acaso quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argüi a Deus que responda. Acaso anularás, de fato, o meu conselho? Ou me condenarás para te justificares?”. Depois de assim falar, Deus passa a argüir Jó, exigindo-lhe explicação sobre a criação de um modo geral, sem que este lhe pudesse dar resposta (Jó 38 a 41).


Mas por que Deus se preocupou tanto em mostrar a ignorância de Jó? Por que humilhá-lo mais? Em uma avaliação superficial, os argumentos de Deus parecem completamente despropositados e sem nexo. Qual a relação entre o sofrimento de um homem íntegro e o hipopótamo, o avestruz, o crocodilo? Ou a neve, o mar, as estrelas? Realmente não é razoável, não faz sentido.


Uma observação mais apurada pode revelar-nos alguns dos motivos de Deus que podemos aplicar em nossa vida hoje.


Deus quer mostrar-nos que a nossa ignorância nos impossibilita de exercer qualquer julgamento (Rm 11.33-36). Jó nos serve de exemplo. Ora, se ele não entendia as coisas simples da natureza, como a vida animal, o clima, enfim, os fenômenos naturais de um modo geral, como entender o propósito de Deus nas coisas que lhe sucediam? “Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; Como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?” (Pv 20.24).


A ignorância de Jó quanto ao propósito de Deus era tal, que quando Deus o tinha por motivo de alegria, uma espécie de tesouro pessoal Seu: “Meu servo Jó”, ele considerava Deus como seu inimigo e perseguidor: “Deus, tu me lançaste na lama... Tu foste cruel contra mim” (Jó 30.11, 19-21; 19.6-12, 21, 22). Jó realmente ignorava os pensamentos de Deus a seu respeito e o Senhor queria e precisava mostrar-lhe que: “assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os

meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos” (Is 55.8, 9).


Deus tem conhecimento completo do antes, do agora e do após. “...pois para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2Pe 3.8). O Senhor se detém e vive intensamente cada situação e momento nosso. O nosso dia não passa rápido e desapercebido ao Senhor:


• Nas tribulações, ele nos conta os passos, nos recolhe as lágrimas em seu odre e as registra no Seu livro (Sl 56.8). Deste modo, um dia, poderá enxugá-las todas (Ap 21.4). Ele sabe exatamente quantas são!


• Angustia-se na nossa angústia (Is 63.9).


• Nos carrega em seus braços (Is 46.3, 4).


• Ele detém-se, tendo tempo e cuidado suficientes para nos contar os fios todos de cabelos de nossa cabeça (Mt 10.30).


Aleluia! Que belo é o cuidado de nosso bondoso Pai!


O Senhor não se exaspera com o tempo como se fosse perder alguma chance irrecuperável. Ele nunca é surpreendido pelas situações. Ele nunca dirá: Passou-se tanto tempo e eu não consegui! Nada disso! Para o Senhor, passou-se só um dia, ainda que tenham sido mil anos.


O Eterno Deus não está atrasado em seu propósito. “Nenhum dos seus planos será frustrado” (Is 46.10; Jó 42.2). Aleluia!


Ele é Alfa e Ômega, Princípio e Fim. Tudo está retido n’Ele, encerrado n’Ele – Ele é os limites da eternidade, o Pai da Eternidade (Is 9.6; 44.6; Ap 1.8; 21.6). Deste modo, Ele sabe por que as coisas acontecem e para que acontecem; conhece os motivos e sabe os resultados. Ele é o Senhor! Aleluia! Davi diz: “Tal conhecimento é elevado demais para mim” (Sl 139.6).


Verdadeiramente, Deus tinha uma importantíssima lição a ensinar ao seu servo Jó e à posteridade da fé. Ali estava a oportunidade: Jó não sabia da conversa de Deus com Satanás, nem do grande conflito que se configurava nas regiões celestiais. Não sabia do desafio de Satanás e do quanto Deus “apostou” nele, o seu servo Jó.


Ao “apostar” em Jó, Deus estava expondo a sua própria reputação. Como a igreja hoje é o “bom perfume de Cristo, exalando em todo lugar a fragrância do seu conhecimento”, assim também, Jó era o que Ele tinha de melhor.


Embriagado por sua dor, Jó não sabia a causa da sua provação. Não apenas isso, mas Jó também não sabia que seu exemplo perduraria por séculos: “Quem me dera agora, que as minhas palavras se escrevessem! Quem me dera, que se gravassem num livro! E que, com pena de ferro, e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha!” (Jó 19.23-24). Era este o seu anseio. Não sabia ele que este seu desejo se cumpriria. Não sabia que mil anos depois Deus daria testemunho dele (Ez 14.14) e que três mil e quinhentos anos depois, nós estaríamos aqui, sendo inspirados e desafiados por sua vida. Jó não sabia o resultado da sua aflição, o fruto da sua dor.


E aqui está a lição a ser aprendida: os homens são sempre inclinados a relacionar a aprovação e benção de Deus com o seu próprio bem-estar. Se estão bem, Deus está com eles. Se estão com problemas, Deus está ausente. Não conseguem enxergar além das circunstâncias.


Importa confiar na soberania de Deus e na autoridade que Ele tem sobre estas circunstâncias. “O governo está sobre os Seus ombros” (Is 9.6). Ele obriga e ordena que todas as coisas, todas as circunstâncias e tribulações, toda dor ou alegria, toda lágrima e riso cooperem para nossa santidade e edificação, para o nosso bem: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus... porquanto... os predestinou para serem conformes à imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito dentre muitos irmãos” (Rm. 8.28, 29).


Importante notar que não é para o nosso “bem-estar”, como pensam e esperam muitos, mas para o nosso “bem”. E o nosso “bem” é sermos apresentados diante da Sua glória santos e irrepreensíveis (Ef 1.3-5; Cl 1.21-23; 2Pe 3.14; Jd 24).


Uma vez o nosso bem significou o abandono do Amado, a morte do Filho Unigênito do Pai.


E por que ele foi abandonado e morto?


Deus olhava para este mundo e nada via que o agradasse. Toda a criação estava corrompida e gemia, inclusive o homem (Rm 8.19-22). Na visão do Apocalipse, o apóstolo João “chorava muito porque ninguém havia, nem nos céus, nem na terra, digno de abrir o livro selado, nem mesmo de olhar para ele” (Ap 5.1-4).


A dignidade requerida não era apenas pelo livro, mas por Aquele que o escrevera e segurava em sua mão direita. Quem ousaria se aproximar do Senhor Deus Todo-Poderoso e tomar das Suas mãos qualquer coisa? “... Pois quem de si mesmo ousaria aproximar-se de Mim? Diz o Senhor” (Jr 30.21b).


Nem os céus, em todo o seu esplendor e glória, e pureza, e santidade, são dignos de Deus. Nada havia em toda a criação que enchesse o coração do Pai. Em toda a extensão do universo, em todas as dimensões físicas e espirituais, nada havia que lhe desse prazer. “Até aos anjos Ele atribui imperfeições’; ‘nem os céus são perfeitos aos seus olhos”. (Jó 4.17-19; 15.15-16). O homem tornara-se “geração perversa e deformada” (Dt 32.5, 6; Fp 2.15; Rm 3.10-23; 2Pe 2.14).


Então, Ele olha para o Seu Filho e sorri. Sim, Ele se alegra mais em Seu Filho do que Abraão poderia alegrar-se em seu Isaque. É o Seu único Filho; o Filho que gerou (Hb 1.5; Lc 1.31-32). Ele diz: “Este é o meu filho amado em quem tenho o meu prazer” (Mt 3.17). Sim, porque “Ele é o resplendor da glória, a expressão exata do Seu ser” (Hb 1.3) e “... n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.”(Cl 2.9).


“Mas ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar...” (Is 53.10) – Para o nosso bem!


N’Ele estava a vida, disse João (Jo 1.4). “EU sou a Vida”, Ele disse (Jo 14.6). Mas a Vida morreu, expirou – para o nosso bem!


Aqui convém deter-se e pensar: Jesus, o Deus criador do homem, tornado humano. O Verbo Eterno, feito ccrne (Fp 2.5-8; Jo 1.1-4, 14). O Senhor dos céus estava só, fraco e desamparado na maldição da cruz (Gl 3.13; Mt 27.46).


Aquele que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3), sendo sustentado por pregos sobre o madeiro maldito. Tomando a maldição e fazendo-me bênção. Sofrendo o veneno e tornando-se o antídoto.


Aquele que teve a forma de Deus, Espírito Eterno, (Fp 2.6; Jo 4.24) tendo a sua carne (forma de homem e figura humana) sendo rasgada qual véu perecível e frágil, abrindo caminho à santidade do Pai. Caminho para mim, “geração deformada”. Seu sangue escorrendo – Sua vida derramada sobre mim, a purificar-me das culpas e pecados que me separavam daquele que é Santo (Hb 10.19-23).


Aquele que disse: “Eu e o Pai somos um”, definhava no abandono e agonia da cruz. Estava só! Nem homens – seus amigos, tontos e assustados, não entendiam a grandeza da hora. Nem anjos – separados, pela morte, daquele que os criou. Nem o Pai – virando as costas para o Santo que Ele mesmo tornou pecado por nós (Rm 8.3; 2Co 5.21; Hb 9.26; 1Pe 2.24).


Ele estava só!


Era mais, muito mais do que a solidão de uma separação momentânea e voluntária. Era mais, até, que a separação provocada pela morte de uma pessoa querida. Era o afastamento da rejeição por Deus. A separação da condenação. A solidão do desamparo. O espectro do inferno: ausência de Deus.


Oh! Tão amado Jesus! Como te compreender? Oh! Jesus! Tão bendito Senhor Jesus! Quando um dia, Tu, com exultação me apresentares imaculado diante da tua glória (Jd 24), quero olhar dentro da tua face e, enquanto enxugas minhas lágrimas, reclinar-me em teu peito e sorrir, e bendizer-te, e louvar-te, e dar-te graças por me dares toda uma eternidade para te amar e seguir te amando e crescendo neste amor. E ainda assim saberei que não será suficiente o meu amor!


Também o Pai estava só. Aquele em quem seu coração se deleitava (Mt 17.5) era agora o alvo da ira de Sua justiça. Seu agrado já não estava em contemplá-lo, mas em moê-lo, fazendo-o enfermar (Is 53.10).


Como nunca antes, nem como jamais um dia, o Pai estava só.


Por um instante, seu eterno propósito de ter uma grande família pareceu destruído – um sonho vago, dissipado na morte do seu Unigênito.


O momento singular, glorioso e terrível em que o grão de trigo morrendo, racha-se liberando a vida, produzindo muito fruto. “O grande mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito...” (1Tm 3.16). E isto tudo, para o nosso bem.


Um dia, o bem da igreja e do eterno propósito de nosso Pai pode significar a tua dor, tua lágrima, teu abandono e solidão - tua morte.


Um dia, em ti “operará a morte” para que em outros filhos do Pai “opere a vida”.


Um dia poderás ser “lixo do mundo, escória de todos” para que teus irmãos se façam preciosos. Poderás ser louco para que eles sejam sábios. Desprezado para que eles sejam tornados nobres.


Um dia, precisarás ser humilhado (Jó 16.15), ter a tua “coroa lançada por terra” (Jó 19.9), para que teus irmãos sejam vestidos de honra.


Neste dia será preciso que entendas e ames profundamente o propósito eterno de Deus para que possas ser cooperador com Ele. Precisarás andar nos passos de Jesus: “... que andou em trevas sem nenhuma luz, e ainda assim confiou em o nome do Senhor e se firmou sobre o seu Deus” (Is 50.10).


Nem sempre haverá alguma manifestação ou evidência da presença ou socorro de Deus. Tudo será deserto, escuro e silencioso. Parecerá que os céus são de bronze e Deus está distante e inacessível. Quero, então, dizer-te algo muito importante: às vezes Deus não responde, não porque não queira ou porque não possa, mas porque precisa ficar em silencio. Nestes momentos, Ele está confiando naquilo que já fez em nós, e nos possibilitando conhecer o nosso próprio coração, ao nos dar a chance de escolher entre a nossa e a Sua vontade.


O apóstolo podia dizer: “... porque andamos por fé e não pelo que vemos...” (2Co 5.7). Nosso ânimo não pode depender das circunstâncias que nos cercam ou da dor que sofremos, mas daquilo que sabemos e cremos a respeito do nosso grande Senhor e da sua santa vontade: boa, agradável e perfeita (Rm 12.1, 2).


Foi assim com Jesus em Getsêmani, quando Ele sentia “pavor até a morte” e de angustia cambaleava, suando sangue em plena madrugada. Antes da agonia do Jardim das Oliveiras, quando entrou em Jerusalém na semana da Páscoa, já na iminência de sua crucificação, Ele orou ao Pai buscando um conforto: “Agora está angustiada a minha alma, e que direi Eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim

para esta hora (Ele sabia a vontade do Pai). Pai, glorifica o teu nome” (Jo 12.27, 28). Não buscou livramento, mas a glória do Pai.


Então, o bondoso Pai deu um testemunho público e sobrenatural do seu Filho. Fez-se ouvir como um trovão, a voz de Deus: “Eu já O glorifiquei e ainda O glorificarei” (Jo 12.28). Era como se o Pai dissesse: “Filho, fica firme! Eu estou contigo! Vamos até ao fim, nosso propósito se cumprirá : muitos filhos iguais a Ti!”.


Contudo, lá em Getsêmani, quando as trevas eram mais densas e seu Filho agonizava de pavor, “andando em trevas sem nenhuma luz”, e o inferno, com todas as suas hostes, o atormentava, o Pai silenciou. Precisava calar. Não devia influenciar ou intervir. Era decisão do Filho, ser ou não, obediente até a morte, e morte de cruz...


A cruz seria o extremo da obediência. Nela tudo seria consumado; o plano eterno retomado – a vitória de Deus! Depois dela nada deteria o Autor da vida, nem mesmo a morte (At 2.24; 3.15). Ele seria exaltado e o Pai glorificado (Fp 2.9-11; At 2.32-36).


Mas entre o Getsêmani e a exaltação do Filho e glória do Pai havia a cruz - e ela poderia ser evitada, se o Filho assim o quisesse. A cruz não lhe foi imposta. Ele a escolheu e preferiu por saber ser esta a vontade do Pai. Se, contudo, a tivesse recusado não seria reprovado ou punido - tinha a escolha. Mas, então, a glória do Pai seria subtraída e seus pensamentos eternos frustrados (Is 46.10; Jó 42.2).


Com o gemido do filho – “Aba, Pai, Tudo te é possível: passa de mim este cálice...” – posso saber do soluço do Pai, imolando o seu Isaque por não ter cordeiro que o substituísse.


Então o Seu Cordeiro entrega-se: “...contudo, não seja o que eu quero, e sim, o que Tu queres” (Mc 14.36).


O nosso bem é o cumprimento da Sua vontade. Aleluia!


Deus nos quer filhos que se multipliquem à sua imagem. Esta é a sua vontade.


A ordem de Jesus em Mt 28.18-20 não é um ingrediente novo, uma ordem que se acrescenta depois do pecado. É o eco do Éden: o “multiplicai-vos e enchei a terra” é reafirmado com o “ide por toda a terra e fazei discípulos”.


A nossa vocação, então, é a mesma de Adão: multiplicar a imagem e a vida de Deus. Encher a terra de filhos para Deus.


O Senhor Deus não é míope ou vesgo. Sua visão é clara e inalterada. Seus olhos não se desviam do alvo. Ele sabe, em verdade, o que é melhor. Ele não se deixa embaraçar ou constranger pelas circunstâncias. Deus não é manipulado pelo nosso choro, nem se deixa impressionar pelos gemidos do homem – Ele conhece isso desde o Éden.


Se a dor e o sofrimento cooperam para que o homem se assemelhe a Jesus, Deus os permitirá. Se for o riso, Ele produzirá este riso. E assim o é com a riqueza ou pobreza, abundância ou escassez, bonança ou tormenta, sucesso ou fracasso, honra ou desprezo (Fp 4.9-13).


“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Este propósito envolve muitos irmãos, uma família – toda a grande família de Deus. Por isso é preciso lembrar que as coisas que nos acontecem não dizem respeito apenas a nós mesmos (1Co 12.12-14, 25-27). Nunca podemos esquecer que somos corpo, membros interdependentes, responsáveis uns pelos outros. A nossa atitude diante das circunstâncias traz reflexos diretos sobre muitos e por muito tempo. Jó não atentava para este efeito, Deus sim.


Nunca sofremos apenas por nós mesmos e para nós mesmos: “Mas, se somos atribulados é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos” (2Co 1.6).


Quando Paulo sofria ele estava aprendendo, como Jesus, a experimentar o consolo do Pai, para consolar a outros que também sofressem (Hb 2.17, 18; 4.14-16), ensinando-os a sofrer em fé e ações de graça (Rm 2.12; Fp 1.29; 1Pe 1.5). Deste modo, ele podia dizer: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar aos que estiverem em qualquer angustia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida em nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo” (2Co 1.3,5).


Jesus entendia que precisava santificar-se não só por si, mas também por seus discípulos, para que “eles fossem aperfeiçoados na verdade” (Jo 17.19), pois Ele os tinha enviado do modo como o Pai O enviara. Ele orava por eles e pelo fruto que eles produziriam, para que todos fossem um com ele e o Pai, a fim de que o mundo cresse (Jo 17.20-21). Que tremenda responsabilidade! Assim foi a existência de Jesus na terra: plena de um senso santo de conseqüência.


Assim devemos ser (Jo 17.18-21 x Jo 13.15-17). A nossa postura pode nos fazer “cidade sobre o monte”, “candeia no velador”, “luzeiros no mundo”, trazendo grande glória ao nome do Senhor (Fp 2.14, 15; Mt 5.14-16). Ou fontes amargas, poços de murmuração, “contaminando a muitos” (Hb 12.15), sendo tropeço para muitos (1Co 10.32) e trazendo blasfêmia ao nome do Senhor (Rm 2.24). Não nos esqueçamos que o nosso bem é o cumprimento da Sua vontade. “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo...” (Hb 10.10). Por isso, “... não seja a minha, mas a Tua vontade”, ainda que com sangue e até a morte (Hb 12.4; Fp 1.20; 2.17; At 20.24).


Orando ao Pai quanto aos seus discípulos, o Senhor Jesus disse: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e Eu neles esteja” (Jo 17.26). Essa é a sua vontade: que o seu amor esteja em nós. Quando isso acontecer plenamente, será notória e inconfundível a sua presença em nós, porque então, todos os nossos atos serão feitos em amor (1Co 16.14).


Deus é amor! Nunca conheceremos o seu coração e nunca seremos parecidos com Ele se não pudermos amar como Ele ama. Por isso Ele derrama do seu próprio e grande amor em nosso coração pelo Espírito Santo (Rm 5.5). Ó Espírito dá-me mais desse amor!


Para amarmos a Deus é necessário que O conheçamos. Por isso Jesus disse: “Eu lhes fiz conhecer o teu nome... para que o amor com que me amaste esteja neles...” Deus usará todas as circunstâncias para se dar a conhecer a nós, a fim de que possamos imitá-lo (Ef 5.1 x Jo 5.19) e nos assemelhar a Ele. Deste modo cumpriremos a sua vontade: “...que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei...” (Jo 13.34-35).


Toda ação de Deus em nossa vida deriva do Seu esforço em cumprir o Seu propósito: fazer-nos filhos semelhantes ao Seu Filho. Ele quer nos trazer para perto de Si, a fim de sentirmos como Ele sente, e vermos como Ele vê e sermos Seus cooperadores.



Texto retirado do livro " A Esperança que temos". Autor: Evangevaldo Farias de Souza

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