Porque não construímos nem usamos templos?
A VELHA E A NOVA ALIANÇA
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Cremos que não apenas temos que ter a bíblia como nossa base de fé, mas também precisamos fazer diferença entre as duas alianças.
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Se fôssemos praticar tudo o que ensina o Velho Testamento estaríamos em grande confusão. Teríamos que sacrificar animais, guardar o sábado, apedrejar adúlteros e outras coisas mais. Então nossa regra de fé é baseada no NT, muito mais que no VT.
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E precisamos entender quais coisas mudaram com a nova aliança.
ONDE COMEÇA A NOVA ALIANÇA?
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Começa quando Jesus a propõe na última ceia. Ali ela é virtualmente instaurada. Entra em vigor com sua morte, ressurreição, ascensão e com a descida do Espírito Santo.
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Ou seja: Jesus viveu no período onde a velha aliança era vigente. Por isso ele chamou o templo de Jerusalém de "casa de meu pai" (Lc 2.49).
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Jesus era judeu e viveu como tal, obedecendo toda a lei de Moisés.
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Se o fato de que Jesus referendou o templo judaico fosse uma prova de que deveríamos ter templos ainda hoje, então também teríamos que praticar a circuncisão, pois Jesus foi circuncidado (Lc 2.21).
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Então. Jesus referendou o templo como casa de seu Pai, porque ele era judeu e viveu no tempo e contexto da velha aliança.
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Em conversa com a mulher samaritana ele disse que haveria uma mudança radical quanto ao lugar de culto. A mulher perguntou onde era o lugar certo para adoração (Jo 4.19). Jesus respondeu que esta questão de lugar para adoração estava para mudar. Disse que não seria mais uma questão de local, mas de atitude espiritual (Jo 4.21-24).
COMO FOI A PRÁTICA DA IGREJA LOGO APÓS O PENTECOSTES? EM JERUSALÉM
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EM JERUSALÉM At 2.46; 5.42 – No templo e de casa em casa.
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Aqui o Espírito Santo começa a dirigir a igreja a reunir-se nas casas. Ali poderia haver maior comunhão, entrelaçamento de vidas, ambiente informal mais propício ao evangelismo, etc.
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Eles também iam diariamente ao templo. Mas em que parte do templo? Aquele templo não era como os templos modernos com bancos voltados para um púlpito. O templo judeu tinha o “Santo dos Santos”, onde somente o sumo sacerdote podia entrar, o “Lugar Santo”, onde entravam os demais sacerdotes, e o Átrio onde o povo podia entrar. Mas este átrio era exclusivo para o uso dos costumes judaicos. A igreja não se reunia ali. Onde então eles se encontravam? No pórtico de Salomão (At 5.12). Era um lugar público onde as pessoas podiam passear (Jo 10.23), e acorriam (At 3.11). Não era um lugar para o culto judaico. Era onde os cambistas vendiam os animais e Jesus derrubou as suas mesas. Ali, neste lugar público, a igreja costumava encontrar-se. Os apóstolos haviam visto o exemplo de Jesus que durante seus três anos de ministério esteve sempre onde o povo estava e não em lugares fechados.
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Vemos, portanto, que a igreja em Jerusalém nunca usou um templo nos moldes como a igreja o faz nos dias de hoje. Nunca viu um lugar assim, não sentiu necessidade, nem sequer o imaginou. Impactaram Jerusalém sem comprar um único tijolo.
Resumindo: Eles se reuniam nas casas e em um lugar público chamado “Pórtico de Salomão”.
2. NO MUNDO GENTIO (depois que a igreja se espalhou por vários países).
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Nunca mais se houve falar em templos. Importante: nunca mais! Não há um só texto, uma única referencia, nem a construir, nem a comprar templos. Leia Atos e as cartas. Não se fala mais em templos.
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Eles se reúnam basicamente nas casas (Rm 16.5, 10, 11; 1Co 16.15, 19; Fp 4.22, Cl 4.15; Fm 1.2)
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Os apóstolos entenderam que era hora de aplicar a verdade completa que já estava anunciada no VT. At 7.48; 17.24
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Não é de estranhar que nós demos muita importância àquilo que os apóstolos nunca deram? Eles nunca falaram. Nunca construíram. Nunca usaram. Nunca se preocuparam com isto! Porque nós nos preocupamos com algo que não existia na vida da igreja primeira que foi modelo para todas as gerações que viriam depois?
DE ONDE SURGIRAM OS TEMPLOS?
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Por séculos a igreja seguiu crescendo e se edificando sem nem mesmo pensar em construir templos.
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No terceiro século, quando o Imperador Constantino decretou o cristianismo como religião oficial do estado romano e batizou todo o seu exército à força, a igreja deixou de ser um lugar de novo nascimento para os arrependidos e sedentos pela vida eterna, para ser uma religião formal, estatal, obrigatória e sem vida espiritual. Começou aí uma grande decadência, uma série de invenções e distorções humanas que afastaram a igreja do ensino de Jesus e dos apóstolos.
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Uma dessas invenções foi o uso do templo. Era uma imitação do judaísmo e das religiões pagãs que tinham seus templos e lugares santos. Faz parte dos desvios da igreja que foram muitos.
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Por ocasião da reforma, muitas coisas da fé antiga foram recuperadas. As principais delas foram a justificação pela fé (Lutero) e a santificação dos que foram chamados (puritanos, anabatistas, metodistas, etc.). Entretanto esta herança católica do uso dos templos nunca foi avaliada pela reforma.
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Há ainda outros aspectos que nunca foram recuperados. Por séculos, a igreja ainda tem vivido à parte de verdades tais como: Evangelho do Reino (Mt 4.17, 23; 9.35; 24.14; Lc 4.43; 8.1; 16.16; At 8.12;19.8: 20.25); O corpo crescendo por meio das juntas e ligamentos (Ef 4.15-16; Cl 2.19); a pluralidade de ministérios (1Co 12.28; Ef 4.11); o que é um verdadeiro discípulo – seguidor – de Cristo (Lc 14.26, 27, 33; Jo 8.31; 13.34-35; 15.8) e muitas outras coisas mais.
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Nós não somos seguidores da reforma, e muito menos do atual contexto evangélico decadente e imiscuído. Queremos seguir a Jesus e seus primeiros apóstolos. O que eles fizeram, queremos crer e fazer. O que eles não fizeram não queremos fazer, ainda que a igreja inteira o faça. Eles não usaram templos. Nós também não vamos usar.
PORQUE O ESPÍRITO SANTO CONDUZIU A IGREJA ÀS CASAS E NÃO AOS TEMPLOS?
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Porque Deus não habita em templos feitos por mãos humanas.
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Porque Deus revelou que não há mais um lugar de adoração.
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Porque Deus quer verdadeiro amor entre seus filhos. Os templos são impessoais. As pessoas se reúnem ali e depois vão embora para suas casas sem participarem da vida uns dos outros. Ninguém sabe como os outros estão vivendo, seus problemas, aflições, necessidades. Não há serviço de uns para com os outros, oração, amparo, socorro aos necessitados. Cada um se encontra naquele lugar, tem momentos de vida muito “espiritual” e logo voltam para suas casas e vidinha independente. É cada um por si. Quando a igreja se reúne nas casas, os grupos são obrigatoriamente pequenos. Portanto há verdadeira comunhão, conhecimento, participação, mutua dependência, socorro, ensino para cada situação particular e dezenas de outras coisas mais.
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Porque nos templos ninguém conhece como é a vida de cada um. É fácil demais ser espiritual ali. Mas ninguém sabe como está cada um, com sua esposa, seus filhos, seus pais. Desenvolve-se uma vida espiritual de fachada. Os templos trazem a vida de fé para fora da realidade diária das pessoas. Geram uma dicotomia entre a vida espiritual e domingueira e a vida diária e secular. Cooperam com a formação de “fariseus”. Ao reunirmos nas casas estamos casando o dia a dia com o culto a Deus, a vida real com a espiritual. Reunir nas casas coopera com a autenticidade.
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Porque os templos são formais e frios. As casas são aconchegantes, lugar normal da vida, lugar onde Deus abençoa todos os dias e não apenas na reunião.
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Os templos exigem um gasto irracional. Não sobram recursos para ajudar aos necessitados (como vemos em Atos). As casas, por outro lado, já estão construídas. Já têm banheiro, lugar para deixar um bebê dormindo, cadeiras, sofás, água para todos, etc. Os recursos podem então ser canalizados para necessidades reais e justa.
Marcos Moraes.